Algumas palavras são ditas antes de pensadas. Saem sem entender aquelas outras palavras ditas por outros lábios, lábios as vezes mudos por gotas salgadas que deslizam pelos seus cantos. E alguém chora, e alguém se preocupa e as palavras se alinham pelo desalinho de linhas planejadas as pressas e que não foram pensadas.
Há um beijo, uma discussão e as palavras se entrelaçam num contexto enrolado de ideias abaladas.
Ideias que surgem e voltam. Certezas errantes do acaso contínuo de um cotidiano à dois, onde uma discussão se prolonga por um pedido descuidado, não pensado e é discutido para escolher o certo e criticar o errado, mas a matemática ainda não sabe equacionar duas almas perdidas entre o céu e a terra.
O casal sente a tristeza alheia que os machuca.
Então surge o silêncio.
Silêncio orgulhoso que espera algo acontecer. Mas o quê?
Uma surpresa. Um beijo, um pedido de desculpas bem feito, um choro incessante, um abraço tímido. O sentimento que se põe entre dois corpos e duas ideias. Duas mentes diferentes que pensam iguais, dispostas a trabalharem juntas a fim e afim de permanecerem unidas em todos os sentidos, por todos os pensamentos. Tramadas e urdumadas numa tela onde se colore uma vida eterna entre esses dois amantes que não podem mais se separar.
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