terça-feira, setembro 27

Uma Carta para o Bardo.

    Não sei mais o que te dizer e nem sei mais se as palavras podem me ajudar. O "Eu te amo" não faz tanto sentido. "Eu te amo" é vago demais. Ele ‘é’ porque se tornou um ‘ser’ e não mais um ‘estado’, porque a planta que você cultivou nasceu e se mostrou uma erva daninha que fincou na minha terra, me arrancou o ar e deixou o teu calor exalando aquele perfume que me deixa vulnerável.
    Eu desisto da comunicação verbal porque ela não faz a menor lógica agora. As palavras saem da minha boca, eu molho os meus lábios e as repito para tentar entendê-las. Os teus lábios sussurram minha canção de ninar, seus beijos silenciam a minha mente. As palavras foram reduzidas a ‘nada’ porque teu espírito se tornou o ‘todo’ quando se entrelaçou ao meu.
    E assim você consegue despertar em mim todas as reações possíveis e impossíveis e isso é o que me faz ter certeza que há algo entre nós. Algo que não tem uma fórmula específica. Algo essencial para uma vida saudável a dois e como eu não encontro mais nas palavras um sentido concreto da sensação abstrata que esse ‘algo’ desperta, vou continuar a dizer essas 3 palavras, segura de mim, mesmo que ainda pareçam efêmeras demais quando comparadas ao que eu sinto por você.