domingo, outubro 31

Confissão.

Uma maldição delicada e intensa caiu sobre a minha pele,
Na forma de um vício, de uma erva daninha,
Que eu chamei de você.
Meus campos de morango foram devastado
E meu coração roubado.


Saudade!
Saudade de um aroma desconhecido,
De um abraço nostálgico, sonhado e aspirado
Que me asfixia toda noite antes de dormir.
Você é a solução do meu problema.
É o problema para a minha solução.


Eu briguei com o tempo. Pedi para ele parar.
Para que assim esse dia não acabe...
Não, não se afaste. Não, não me deixe.
Sou uma criança amedrontada.
Sou uma tola apaixonada,
Entenda-me.

domingo, outubro 24

Palavras não Escritas.

À sombra de uma roseira em um dia de verão,
Ela lia um livro sobre palavras não escritas.
Escutava o sussurrar do vento vislumbrando uma canção.
Ela vira uma borboleta pousar em seu livro aberto.
O doce inseto comia as palavras não escritas.
A menina não conseguia ler mas não se importava.
As cores da borboleta já falavam pelas palavras.
A menina riu quando começou a chuviscar
E o vento acariciava sua pele com os pingos de chuva...
Acariciava sua pele com aquelas palavras não escritas...
Elas não precisavam ser escritas pra serem lidas.
Existiam porque a menina as sentia.

terça-feira, outubro 19

S.O.S

Ajuda.
Eu preciso de ajuda.
Meu coração voltou a bater
E as borboletas não param de se mexer
Dentro do meu estômago.
Suas asas batem de forma inquietante.
Desesperadas.
Profundamente desesperadas
Dentro dessa gaiola.
Que está em constante movimento.
Como uma montanha russa.
Eu estou numa montanha russa.
E ninguém me avisou...
Eu a escuto.
Eu a escuto toda noite.
Escuto a Lua rindo de mim.
Alguém, qualquer um...
Eu preciso de ajuda.
Ele me pegou de jeito.
Minhas mãos suam,
Meus olhos brilham e minha respiração falha.
Você tem o poder de me deixar sem graça...
E o espelho não me deixa desmentir.

quinta-feira, outubro 14

Riso

Hoje eu acordei com um sorriso bobo no rosto.
Não conseguia tirá-lo de jeito algum.
Havia asas em meu dorso
E eu só conseguia rir

Levantei da cama e levei um susto
O espelho o delatara
Ele estava ao meu lado
Enlaçando-me em seus braços
Sussurrando ao pé do meu ouvido
Coisas que não consegui distinguir
Estava embriagada pelo seu cheiro
de terra molhada e pela sua voz de seda.
Eu só conseguia sorrir.

A janela se abriu e o vento me chamou.
Levantei sem acordá-lo.
Seria condenada por tamanho pecado.
Por entre as nuvens eu sorria
Ao me lembrar daquele homem
Que sorria devolta pra mim.

quarta-feira, outubro 13

Rouge

Ontem eu queimei meu album de retratos.
Cujas fotos me aprisionavam em um jogo nocivo.
Eu queria deixar de querer mas eu não podia.
Não conseguia controlar o sorriso
Que aparecia em meus lábios
Quando mais uma figura eu achava
E mais uma eu colova.


Minha liberdade me dera as costas.
Minha alma andara descalça, amaldiçoada,
Em uma cidade esquecida.
Minha sombra vagara até não poder mais,
Suplicando aos fantasmas que me deixassem em paz.


Doce inocência deixou amargo o meu prazer
E de presente me mostrou romances mal escritos
Nas páginas do meu velho album
Que desapareceu entre as chamas
Dando um grito de maldição
Pelo meu grito de liberdade.

segunda-feira, outubro 4

Fanfic

Acabei de passar por um susto, e NUNCA mais quero passar por isso de novo, então eu vou postar aqui uma fanfic que eu pensei que tivesse perdido.

- Dia 22 de janeiro de 2008, pouco antes de The Dark Knight estreiar, a massagista encontrou Heath Ledger sem vida no próprio apartamento. E por mais que digam que foi suicídio. Sei que não é verdade e quando fecho os olhos, parece que eu posso ver o que deve ter acontecido naquela noite.
Heath Ledger havia terminado de filmar o Batman e estava filmando The Imaginarium of Dr Parnassius. Personagens que possuem uma certa loucura. E que isso deveria estar atormentando-o. Ledger possuia uma essência única de caracterizar os personagens. Ele dava vida a eles.

- Porque eu estou tão nervoso? - falava consigo mesmo de olhos fechados, tentando respirar mas o nó em sua garganta não descia - Não tenho nada com que me preocupar. É apenas um personagem. - mentalizou ele - Como o médico disse, o estresse pode causar sensações impossíveis em nosso corpo.

         Depois de alguns poucos segundos, ele ouve passos. Passos que vem as suas costas, onde o chão parece estar molhado. E então ele ouve uma voz que o faz tremer. Primeiro uma canção de ninar e depois uma risada contida. Ele se vira para frente e seus olhos se fixam na pequena menina a sua frente. Ela estava no colo de alguém de luvas roxas e calças da mesma cor. Ela estava dormindo.

- É uma menina muito esperta. - disse o homem, acariciando as bochechas rosadas da menina - Amável e... olha! ela tem o seu sorriso! - ele deu uma risada sadia - Sabe aquele que você usa quando a coloca pra dormir e ... - examinou o rosto de Heath com cuidado - tenho que te dizer, seu rosto está mais deformado do que o meu. E então ele riu.
- Você não é real. Eu devo estar sonhando.
- Já que eu não sou real... - ele tirou um canivete de dentro do bolso - Posso fazer nela um sorriso igual ao meu! - o homem falou num tom mais baixo - que, vamos combinar, é mais bonito que o seu - ele piscou para Heath e lambeu o canto da boca - Ai quando você acordar saberemos se é real ou não.
         Ele tentou impedi-lo, mas algo o segurou. Algo que ele não podia ver.

        O tempo retardou. Estava tudo em câmera lenta até mesmo a deformação do choro da criança. Heath franziu o cenho de dor ele gritava algo mais sua voz havia sumido. O sangue começava a se contrastar com a pele de porcelana da menina que chorava e suplicava para o pai parar. Houve um choque e o tempo voltou a marcar os segundos como antes. E o grito da menina só se intencificava - Porque você está fazendo isso comigo papai?!

-Matilda! Eu estou aqui, Matilda! Não sou eu! - ele gritava, desesperado, tentando se soltar das correntes imaginárias. Mas era inutil.
         Joker levantou o rosto e ergueu uma sobrancelha.

- Você tem certeza disso? - Indagou-o, lambendo o canto da boca.

          Heath piscou os olhos para afastar as lágrimas. E foi ai que viu.
          Ele estava na frente de um grande espelho, com Matilda em seus braços, com seu pijama azul predileto, manchado com uma coloração vermelha. Seu pijama virara roxo. O sangue ainda escorria da boca dela e a mancha de lágrimas, que antes escorriam pelos seus olhos, ainda estavam frescas mas seus olhos estavam fechados. Ele viu o canivete em sua mão com aquela coloração vermelha. Sua camisa, seu jeans, seu rosto. Ele gritava enquanto sua filha ficava cada vez mais fria e seu coração pouco a pouco parava de bater. 

          Heath acordara em sua cama, no seu apartamento em NY com o seu próprio grito de horror. Totalmente ensopado de suor. "Foi apenas um pesadelo" ele pensou.
          Não tinha forças para levantar da cama e lavar o rosto. A imagem de Matilda em seus braços com aquele sorriso demoníaco não saia da sua cabeça.
          Ele olhou para o criado mudo e lá estava seus calmantes. Desesperado para tirar aquela imagem de sua cabela. Deixara cair o máximo de comprimidos em sua boca e dormiu, pensando que ouvira aquele mesmo riso novamente "amanhã eu estarei melhor" ele pensou, antes que suas palpebras caissem para sempre. Antes daquele sono virar o mais profundo que já teve. Antes de ver o rosto de Matilda se iluminar quando o visse de novo...Antes de seu coração esfriar.

      Heath Ledger deixou não só uma filha orfã de pai. Como uma legião que o idolatrava não por ele ser mais um rostinho em Hollywood, mas por ele ser simplesmente aquele cara espontaneo, talentoso e que tinha aquele sorriso que fazia qualquer um querer sorrir também.

sábado, outubro 2

Cogito, ergo sum .

Não me lembro como pude perder o controle.
Onde será que elas foram parar?
Desaparecidas, marotas palavras
Que brincam de esconder
Quando deveriam estar
Nas estantes da minha biblioteca particular.
Queria poder pegá-las,
Alinhá-las.
Circulá-las.
Escrevê-las.
E memorizá-las.

A voracidade que meus pensamentos devoraram-nas
Com o intuito de recuperá-las.
Perco o fio do raciocínio...
Uma novelo de lã se forma.
Eu já nem sei mais se existo.

sexta-feira, outubro 1

Mariposa

Eu posso parecer muito fria.
Pois a verdade que sai da minha boca pode ser a que você não quer ouvir.
Posso parecer bastante forte.
Mas minha muda ninguém vê.
Posso parecer desligada de tudo.
A minha frequência é diferente do mundo a minha volta.
Posso parecer a pessoa mais feliz que você já viu.
Eu guardo minhas tristezas nessa caixinha chamada felicidade
Posso parecer incapaz de amar.
Meus amores estão no reflexo de meus olhos.
E deles você nunca saberá.