terça-feira, outubro 11

Arte sem atrito.

    O vento que sopra lá fora faz da minha janela sua tela de aquarela. Ele joga a chuva contra o meu reflexo no vidro. Arte abstrata que mistura ideias como uma montanha russa mistura sua percepção e te faz cair para cima de um jeito que só os corajosos podem saber e sentir. A sensação de quem é sugado para dentro de uma gota d'água e que por sua vez preenche todo o seu pensamento sobre a sua respiração no vidro. E você sorrir e continua a espalhar o seu calor por todo o vidro e desenha naquela superfície sólida e gelada, salpicada por movimentos da aquarela com cheiro de terra molhada que o vento lhe proporcionou. A sua cor está no seu reflexo e na paisagem de fundo do outro lado da tela, mas o que você realmente fixa é na gota que se desprende de uma outra. E você a acompanha pelo caminho. Dançando e ziguezagueando pelo vidro, sem rumo e sem atrito, procurando um par para se entrelaçar.
E por acaso somos nós tão diferentes assim?