segunda-feira, janeiro 17

Consegue entender?

  Ninguém é perfeito e eu sei exatamente disso. Minha alma é critica, é orgulhosa e egocentrica. E não culpo ninguém por isso, porque se culpasse, estaria negando o meu reflexo. Meu exemplo está muito longe de alcançar uma pseuda perfeição. Na maioria das vezes eu sou educada por obrigação e simpatia. Estou sempre corrigindo as pessoas porque acho que assim vou estar ajudando elas, nunca prejudicando... só prejudico quando eu não gosto da pessoa. Sou sincera e bastante grossa quando preciso ser e é por isso que as pessoas me julgam como metida, "Querendo ser Deus", "Dona da Verdade" e fria. [esse parágrafo é sobre os meus defeitos, ou os maiores deles]
 Eu posso ser muito melancólica quando eu caio naquela rotina de não fazer nada e com isso querer a sua atenção porque me sinto isolada. É quando a carencia me ataca. Eu tenho medos...medos que ninguém pensaria que eu pudesse ter. Medos sociais, imaginários, seja lá o que forem, já que eu nunca soube me relacionar com outras pessoas. E quando eu sabia - ou melhor - quando eu sei eu me importo com essa pessoa. Eu luto por essa pessoa. Eu me desespero, me preocupo, carrego suas dores, absorvo sua felicidade. Eu procuro ajudá-la de qualquer maneira mas meto os pés pelas mãos. Eu sou uma desastrada em todos os sentido e não sei a hora certa de dizer eu te amo...até porque é raro eu dizer...
  Sim, eu sonho. Sonho até demais, sempre. Toda noite antes de dormir, todo dia antes de acordar, quando eu ando, ouço música, quando leio por isso me chamam de sonhadora, de Alice, dizem que eu vivo no mundo da Lua. Porque lá eu me sinto mais forte já que aqui eu sou quase uma carniça. Sempre fui um peixe fora d'água...ou melhor...um pássaro dentro d'água e, também um tanto pessimista. [dois parágrafos para as minhas fraquezas]
  Sou uma boa ouvinte. Estou sempre ajudando os outros e quando não consigo, me sinto mal. Não consigo ficar muito tempo sem rir, não gosto de ver ninguém triste, não gosto de dormir, não gosto de acordar tarde, adoro um bom livro, uma boa música, adoro comer morango, melancia, adoro ir ao cinema, comer uma boa pizza com a mão, adoro sorvete, adoro cantar, pular, algodão doce, de ficar na praia a noite, de deitar no chão e ficar vendo o céu, de olhar pra lua, de tirar fotos, adoro moda, tocar violão, adoro desenhar e adoro implicar com quem eu gosto.
 Depois disso acredite se quiser mas a minha simpatia é timida. E acredite também que eu posso ser bastante extrovertida se for pra deixar todos confortaveis e menos tímidos, se o sangue estiver vivo ou se eu não saber o que fazer. Sou sempre a primeira a chegar na pista de dança e a ultima a sair de lá. Alguns até dizem que eu não tenho o botão "desligar". Eu nunca fiquei bêbada, odeio cigarro, eu choro...e muito e sou também um tanto otimista. [dois parágrafos sobre o resto]

sábado, janeiro 8

Her every Morning

  Ela acorda, toma seu chá e tira a roupa. Sua pele se arrepia ao toque gelado do banho matinal. Ela respira fundo e deita a cabeça para trás, a água percorre seu corpo fazendo caminhos. Ela respira e se ensaboa massageando a sua nuca. Ela espirra ao sair do banheiro e o telefone toca e molha a casa toda para atendê-lo. Ela pensa em como seria bom não existir para eles por alguns dias. Ela tranca a porta e corre para pegar o trem. A estação estava vazia nessa sexta de manhã. Era véspera de feriado e a maioria foi viajar. Ela senta e coloca seu fone de ouvido ela não quer saber de ninguém ali por perto. Seus pensamentos estão longe e são quase vazios. Ela percebe que um gato gordo a olha no colo de uma mulher parada do lado de fora da estação mas logo a imagem se embassa e muda constantemente a cada vez que ela pisca os olhos. Ela tenta não piscar tanto e percorre com o olhar todas as nuvens daquele céu nublado. Enquanto ela vê formas nas nuvens e sorri para o nada, ele, que está em pé do outro lado do vagão, a olha com carinho e sorri.
   Anda sempre de cabeça baixa para não esbarrar em um olhar curioso e faminto. E nas poças d'água ela encara o seu reflexo.
  Já nos degraus da revista em que trabalha, no departamente de criação, seus primeiros "bom dias" são ditos, tão falsos quanto os que são recebidos. Chegando no escritório ela pega sua pasta de criações dentro de uma gaveta trancada e a põe na mesa. Ela se abaixa para pegar os papéis que acabaram de cair e os lápis vendo a cena se formar sentem vontade de pular de sua mesa também. Ela pega tudo e coloca de volta a mesa e então olha pela janela. Ela encara o seu próprio reflexo, o vazio que há naqueles olhos negros que desejam ser preenchidos por algo que ela ainda não sabe o que é. Ela olha para dentro deles e procura por algo que ela não faz se quer a mínima ideia do que seja. Ela parece distante, pensando em nada em particular.
  É então que o celular dela toca. A rotina a chama de volta para a realidade monótona de todos os dias serem sempre o mesmo dia sempre. Ela deseja mais uma vez ser esquecida por eles. Ela deseja mais uma vez encontrar algo de valor. O que você perdeu? Do que você precisa, minha menina?

quinta-feira, janeiro 6

Certas palavras

  Meu coração não bate como o seu bate porque a armadura dele é diferente da armadura do seu. É ela que controla todo o calor que emana dele, o calor que o ar dos meus pulmões precisa para a minha voz sair  mas meu coração é uma marionete que não pode gritar o que sente e principalmente dizer o quanto você me faz bem. 
 Eu queria que o grilo feridasse o silêncio da minha voz...
    Eu não respiro como você respira porque a minha freqüência é mais baixa que a sua. O ar que respiro é pesado demais para os meus pulmões e leve demais para expulsar essas palavras, covardes demais para se atirarem. Eu te peço desculpas por isso.
  Às vezes quando me olha eu me esqueço que existo. É então que a minha boca se abre mas as palavras não saem porque a necessidade é outra. Meu fôlego percebe que seus lábios buscam, desesperados, o calor dos meus.
  
Será que o meu silêncio não basta? Terei que ouvir o seu também? E a sua atenção e paciência? Eu preciso delas. Eu te dou as minhas. Preciso ouvir a sua voz sintonizando aquelas palavras, faça a minha pele absorvê-las e ecoar por todo o meu corpo. Repita todos os dias porque a memória do meu coração é curta. Quebre essa armadura. Quebre esse silêncio.