quarta-feira, junho 22

Cartas Narrativas

 Ah, menino, aquela garota não faz por mal. O mar a levou para uma expedição e a devolveu com um outro olhar. Antes ela só olhava para o horizonte, se pondo a imaginar onde aquilo tudo iria dar. Ela caiu no olho de uma tormenta e isso mexeu com a sua cabeça. Ela bebeu da água salgada e nunca mais foi a mesma.
 Ah, menino, não era para ser assim, e e ela te alertou sobre teus sonhos. Mas você sorriu e foi traído por eles, entrando na tormenta de pensamentos salgados daquela garota perdida, fazendo seu coração esquecido despertar pela dor da ferida que fora se abrindo conforme a água batia. E você gritou e você chorou. E ela chorou com você e sentiu a tua dor. Com a boca seca sibilou um ''sinto muito'' enquanto teu coração se rasgava e o dela deixava de ter calor. Batidas hipotérmicas começaram a surgir, a graduar de tempo em tempo e nem teu mais sincero suspiro poderia salvar sua pele de veludo daquele gelo de junho.
 Ah menino, se atire naquele rio de vida. Sorria e se deixe viver! Feche os olhos e não tenha medo da correnteza. Siga o rumo que ela te mostrar e seja feliz. Aquieta o frágil músculo dentro do teu peito e ame-o acima de qualquer outra obra vinda dentre os melhores tecelões, pois sem ele você não teria esta jovem descoberta que batizaras como a capacidade de amar.

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