domingo, novembro 28

Desvarios.

      A mais de um mês descobri que uma doença crônica se instalou no meu cérebro. E ela nem ao menos me avisou que iria chegar. Nem ao menos bateu na porta ou me cumprimentou. Ela chegou e se instalou em todos os cômodos de meus pensamentos.
   Se tornou uma dependência química e física. Queria rir e chorar ao mesmo tempo. Queria apenas ficar na cama, queria sair dela. Queria que o tempo parasse, que ele voasse... me sinto uma louca com todo esse tormento.
    E logo eu, que sempre fui uma seguidora de Capelo Gaivota, que nunca estive presa a nada, estou agora ancorada nesse porto me acostumando com essa sensação esquisita de contradições, hiperboles, metáforas e antíteses que me fazem voar ainda mais alto mas sem sair do lugar.
          Os sintomas ficam piores. Quando a febre cede, meu corpo anseia por mais.
   Minhas mãos tremiam e o médico disse que não podia me ajudar. Era a abstinência acompanhando a minha dependência por essa doença crônica que eu teimo em amar. Eu estou de mãos amarradas.
  Eu quero gritar. Eu quero me calar. Meu reflexo não me reconhece mais. Ele diz que eu estou perdida então eu rio para ele e digo que é assim que eu quero estar. Ele diz que eu enlouqueci. E devo mesmo ter enlouquecido. Foi essa doença que trouxe esse cheiro, esses desvarios para mim.
   E esse coração aritmado, pulando num frisson desmiolado que não se contém nessa caixa pequena que por tanto tempo ele permaneceu inerte e que agora espera minuciosamente pelos segundos com você.
                     É, eu sou fraca demais, forte demais e necessitada demais de você.

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