sábado, março 19

Desconhecido

Era disso que eu precisava. Uma festa só de garotas, uma reunião para a inauguração do meu apartamento. Filme, pipoca, música, videogame, risadas, fofocas, calcinha e sutiã!
  Bruna preparava biscoitos com Thársila, enquanto Gabriela e Amanda jogavam mario kart na sala. Eu tinha acabado de preparar uma bacia de pipoca para o filme que a Bruna indicou. Gabriela falou alguma coisa, mas eu não entendi. Parei no meio do caminho como se algo estivesse errado. Eu entrei no meu quarto para ver se tinha algo fora do lugar. Ele estava arrumado, do jeito que eu deixei. A cama estava arrumada, travesseiros em cima, o guarda roupa só tinha as roupas de cama e poucas roupas já que a maioria estava na mala. Do outro lado havia a minha escrivaninha com o meu notebook, uma pilha de caixas ao lado e um porta retrato.
 Eu voltei, sentido aquele aperto na garganta, senti meu coração congelar. As meninas me olhavam preocupada. O que eu havia perdido? Eu ia desmaiar se não achasse o que procurava... mas o que eu procurava? 
Quando passei pelo corredor encarei a porta do banheiro. Segurei a maçaneta e senti meu coração pulsar outra vez. Mas totalmente fora de controle. Achei que iria cair dura naquele momento. Girei a maçaneta e a porta se abriu. De fora do banheiro eu vi um pulso inanimado. Eu corri até ele. Eu parei na porta do banheiro. Eu havia perdido a noção do tempo. Só conhecia a noção de lembranças futuras. 
 Seu corpo estava gelado por causa do gelo. Seu rosto estava submergido. Eu me desesperei, chorei, chamei por ele e nada. Ele não tinha vida. Busquei da força que eu não tinha para tirá-lo de lá. Enrolei ele numa toalha tão branca quanto a pele dele. Eu não sentia o seu coração bater. As garotas me ajudaram a levá-lo para o quarto. Tirei todas as cobertas, lençóis e joguei em cima dele. Sua pele estava tão gelada que chegava a queimar. 
- Anda, acorda. Você não pode me deixar, lembra?! Por favor, acorda - as lágrimas embaçavam a minha visão. Eu já não conseguia enxergar direito. Meu desespero foi aumentado. Eu me enfiei debaixo das cobertas, abracei o corpo dele querendo esquentá-lo. 
- Obrigado - Ele disse num sussurro. 
Então eu olhei para aqueles olhos tão negros quanto um buraco no espaço. E apaguei ao lado dele.


> Eu não inventei isso. Não conscientemente. Esse é um sonho que eu tive a 2 anos atrás que eu não consigo esquecer. O mais engraçado é que eu não conheço esse homem e não lembro da fisionomia dele...

6 comentários:

  1. Nossa, francamente, que sonho. Que conto. Que lindo! Mesmo sem "inventar" conscientemente, você conseguiu demostrar tudo do sonho com palavras, ficou muito bom mesmo.

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  2. concordo com o rafael, você tem o dom... belíssimo texto *O* ass: thársila

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  3. Maneiro, talvez se lembrar a voz dele ajude..
    bem, bom texto!

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  4. você escreve muito bem mesmo :) parabéns!

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  5. Quem dera eu tivesse sonhos tão bons, capazes de virarem contos.

    Se você acredita em destino, talvez seja, não acha? Lembrar-se de um sonho por mais de dois anos não é uma coisa tão normal. Talvez o desconhecido exista e tu nem saiba.

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  6. Nossa outro livro seu que eu compro xD
    haha e eu fazendo biscoitos õ/.
    ashausahusahu
    Bjus adorei

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