quarta-feira, maio 25

O pássaro

Um pássaro desamparado
pousou na janela do meu quarto,
piando alto e cada vez mais alto,
despertando-me do mais profundo sono.
Ele parou de piar
quando a janela abriu e o vento e a chuva entraram,
livrando-me da areia e me ensinando a respirar

O pássaro pousou na minha escrivaninha e pôs-se a me olhar
Fitava aquele corpo sem jeito e deslocado aprendendo a se equilibrar
Senti seus olhos nos meus olhos ocos,
olhos de vidro orgânico que não sentia
o que dentro do peito pulsava e que não sabia,
se sabia enfim, se batia.

Então aquele pássaro deu um pio quase mudo.
Ele sorriu um sorriso cansado e aliviado.
Fechou seus olhos com um suspiro
E o sopro de vida que ele esculturou
O fez dormir silenciosamente
na pele de quem ele despertou.

6 comentários:

  1. Te camera escondida aqui? Um passarinho entrou aqui e ficou na minha mesa a duas semanas atraz '-'
    rsrs, nice writings! Espero algum dia terminar o poema que eu iniciei a dois anos atraz... >.<

    ResponderExcluir
  2. isso me fez lembrar bird song.

    ResponderExcluir
  3. me lembra Three little birds, do Bob Marley

    ResponderExcluir
  4. Black Bird, take these broken wings and lern to fly.
    Poesia incrível gabi! Parabéns mesmo :')

    ResponderExcluir
  5. Achei o máximo hein. Não é preciso dizer que seus textos são ótimos né, amor? Minha leitura de O Pássaro foi embalada com New Houses do Two door Cinema Club.. O que posso falar para uma exímia escritora? Continue assim ? Mas é claro que você continuará, afinal, quem nasceu com o talento nunca o perde.

    ResponderExcluir