quarta-feira, abril 6

Agatha - Tick, Tock, Tick, Tock...

- Abençoado seja por atender esse bendito telefone. - disse eu com uma voz um pouco histérica - Tô te ligando tem 10 minutos e nada de você atender.
- O celular estava do outro lado do quarto. - ele bocejou - aconteceu alguma coisa?- Sua voz estava rouca, tentando se localizar. Ele tinha acabado de acordar. Eu tinha acabado de acordá-lo.
- Eu tive um pesadelo horrível com você. Onde um salgueiro drenava o seu sangue e eu não conseguia te salvar.  Eu acordei apavorada...preocupada... - minha voz falhou e me entregou. Respirei fundo para não parecer uma idiota chorando por causa de um pesadelo - E o seu pai, como está? Como estão todos aí?
 Ele percebeu que eu estava chorando mas não comentou. Eu consegui vê-lo dar aquele sorriso sem graça.
- Esquece esse sonho, eu estou bem...e preocupado também...ontem saiu o resultado daquele exame que eu te disse na segunda...que ele vai ter que fazer uma cirurgia para remover o tumor antes que se agrave... - senti a sua voz murchar.
- Vai dar tudo certo, querido. Vaso ruim não quebra, lembra? - Ele riu, um riso desajeitado, preocupado, lembrando-se daquela vez que o pai dele sofreu um acidente de carro. Chegamos no hospital desesperados e quando o encontramos, ele estava rindo. Quando nos viu disse "vaso ruim não quebra, filho".
- Eu tenho medo, Agatha...
- Sei que tem. Mas tenta esquecer esse medo. Tenta não pensar no pior. A sua mãe precisa do seu apoio, o seu pai precisa do seu apoio. Eu estou aqui para te dar o meu apoio.
- Eu sei disso. Obrigado por existir.
- Bem, desculpa por ter te acordado. Manda um beijo para os seus pais. O desfile vai ser na sexta de manhã, então a noitinha eu pego o primeiro avião para Pelotas.
- Acho bom mesmo porque eu preciso de você aqui.... Ah, boa sorte hoje.
- Boa sorte porquê?
- Hoje você não tem ensaio com as modelos e tudo o mais?
- Porra, eu já ia esquecendo disso - Se eu não fosse a Paula iria me matar - O que eu faria sem você, hein? - não gosto dessas coisas melosas, mas as vezes não consigo evitar - Vou desligar, preciso fazer muitas coisas ainda hoje... Se cuida ai. Beijos. - nem esperei ele me responder. São 5 da manhã e eu não estava com sono, liguei a tevê e depois de alguns minutos cochilei. Acordei com o celular tocando.

3 comentários:

  1. Demorei um pouco pra notar que a parte do hospital era só uma lembrança... rs

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  2. "Onde um salgueiro drenava o seu sangue e eu não conseguia te salvar."

    adorei esse verso! =D

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  3. háaa, gostei bastante desse aqui (:

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